fonte: antoniojtolissano.blogspot.com |
"Não
posso ser professor se não percebo cada vez melhor que por não poder
ser neutra, minha prática exige de mim uma definição, uma tomada de
posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo.
Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não
importa o que. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou
da Humanidade - frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a
concretude da prática educativa. Sou professor a favor da decência
contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da
autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura, de
direita ou de esquerda. Sou professor a favor da luta constante, contra
qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos
indivíduos ou da classes sociais. Sou professor contra a ordem
capitalista vigente que inventou esta aberração, a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou
professor contra o desengano que me consome e me imobiliza. Sou
professor a favor da boniteza de minha própria prática,boniteza que
dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este
saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais,
meu corpo descuidado, corre o risco de amofinar e de já não ser o
testemunho que deve ser, de lutador pertinaz, que cansa, mas não
desiste."
(Paulo Freire, no livro Pedagogia da Autonomia).
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